16/06/2011 – 13h19
Dilma desiste de revisão da Lei da Anistia para punir torturadores
NÁDIA GUERLENDA CABRAL
DE BRASÍLIA
Atualizado às 15h27.
A presidente Dilma Rousseff desistiu oficialmente da revisão da Lei da Anistia, que possibilitaria a punição de crimes cometidos por agentes da repressão durante o regime militar.
O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, afirmou em parecer que a questão foi encerrada em abril do ano passado, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu pela não revisão da lei.
Em nome da presidente, Adams recomendou ao tribunal que rejeite um recurso do Conselho Federal da OAB. A entidade cobra novo posicionamento do STF quanto à submissão ou não do Brasil à Corte Interamericana de Direitos Humanos.
A corte considera que crimes cometidos por autoridades estatais são crimes contra a humanidade e, portanto, não poderiam ser anistiados por leis nacionais.
Quando era ministra da Casa Civil, Dilma defendeu a revisão da Lei da Anistia ao dizer que os crimes cometidos por agentes de repressão durante a ditadura eram “imprescritíveis” e, portanto, poderiam ser julgados a qualquer tempo.
Juntamente com os então ministros Tarso Genro (Justiça) e Paulo Vanucchi (Direitos Humanos), Dilma representou uma dissidência dentro do governo e criticou o parecer contrário à revisão feito pelo Advogado Geral da União à época, o hoje ministro do STF José Antônio Dias Toffoli.
Durante a campanha eleitoral, a presidente evitou polêmicas e passou a se dizer contra a revisão porque não queria “revanchismos“.
É a segunda vez nesta semana que Dilma recua em um tema que lhe era caro: a primeira foi a decisão da presidente de não mais se empenhar para acabar com o sigilo eterno de papéis considerados ultrassecretos.
OUTRO LADO
A assessoria da presidência afirmou que não houve “desistência” de Dilma quanto à revisão da Lei de Anistia, pois o assunto já foi julgado pelo STF.
Segundo a assessoria, é prioridade do governo a criação da Comissão da Verdade, que deve ser votada em breve no Congresso Nacional.
O projeto estabelece uma comissão para investigar e fazer a narrativa oficial das violações aos direitos humanos durante a ditadura.
Fonte: Folha.Com
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