Bolsonaro determina que militares celebrem golpe de 64
A informação foi confirmada na tarde desta segunda-feira pelo porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros
Jussara Soares e Gustavo Maia
25/03/2019 – 19:11 / Atualizado em 26/03/2019 – 19:26
BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro determinou que as Forças Armadas comemorem o golpe militar de 1964, que completa 55 anos no próximo domingo, dia 31 de março. A informação foi confirmada na tarde desta segunda-feira pelo porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, em declaração à imprensa.
Não há a previsão de que haverá alguma celebração do Palácio do Planalto, nem de que o presidente participará de algum ato. No aniversário da data, que iniciou um período de 21 anos de ditadura no país, Bolsonaro estará em Israel. Ele embarca para visita oficial ao país do Oriente Médio no próximo sábado.
Os anos de ditadura militar foram marcados pelo fechamento do Congresso Nacional, cassação de direitos políticos, perseguição e tortura de adversários políticos, além de censura à imprensa.
— O presidente não considera o 31 de março de 1964 golpe militar. Ele considera que a sociedade, reunida e percebendo o perigo que o país estava vivenciando naquele momento, juntaram-se civis e militares, e nós conseguimos recuperar e recolocar o nosso país num rumo que, salvo melhor juízo, se tudo isso não tivesse ocorrido hoje nós estaríamos tendo algum tipo de governo aqui que não seria bom para ninguém — disse o porta-voz, que também é general.
De acordo com Rêgo Barros, Bolsonaro determinou que o Ministério da Defesa faça "as comemorações devidas", incluindo a ordem do dia, que é uma mensagem comemorativa das Forças Armadas. O texto já foi aprovado pelo presidente.
Segundo o porta-voz, a celebração deverá seguir aquilo que "os comandantes acharem dentro do contexto de suas respectivas guarnições".
Na última quinta-feira, no Chile, Bolsonaro falou sobre sua visão acerca da ditadura de 1964. Na ocasião, ele reverenciou o ditador chileno Augusto Pinochet, que comandou o país de 1973 a 1990, em anos marcados por violência com a morte de mais de 3 mil pessoas.
— Falo sobre um regime militar que foi muito parecido no Brasil, inclusive dizendo que quem cassou João Goulart não foram os militares, foi o Congresso — disse o presidente. Nós (militares) chegamos a uma conclusão e pacificamos. Não podemos dar voz à esquerda que sempre tem um lado para dizer que aquele lado estava certo e não o outro.
55 anos do golpe militar no Brasil
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Manifestação na Cinelândia Foto: Agência O Globo
Chuva de papéis picados nas ruas do centro do Rio de Janeiro. Parte da população que apoiava a tomada do poder pelos militares comemora Foto: Agência O Globo
Uma criança usando capacete e portando uma arma de brinquedo é observada por soldados e civis enquanto brinca ao lado de um tanque do Exército Foto: Agência O Globo
Menino usando capacete e com arma de brinquedo assiste a chegada das tropas militares às ruas do Rio Foto: Agência O Globo
Soldados do Exército enfileirados em frente ao portão de entrada do Parque Guinle, onde fica localizado o Palácio da Laranjeiras Foto: Agência O Globo
Carlos Lacerda, então governador da Guanabara, em meio aos militares. Político foi um dos principais articuladores do golpe de 1964, mas voltou-se contra o regime em 1966 Foto: Agência O Globo O radialista e então deputado estadual Raul Brunini (guarda chuva) caminha ao lado de militares nas ruas do Rio Foto: Agência O Globo O fogo destrói o prédio da UNE, na Praia do Flamengo Foto: Agência O Globo Kombi e jipe do jornal Última Hora depredados durante manifestação Foto: Agência O Globo Caminhão leva soldados para a Cinelândia Foto: Agência O Globo
O povo comemora nas ruas a tomada do poder pelos militares Foto: Agência O Globo Pessoas que apoiavam a tomada do poder pelos militares comemoram nas ruas do Rio Foto: Agência O Globo Soldados armados do Exército na Rua Gago Coutinho, em Laranjeiras, em frente ao Parque Guinle, onde fica o Palácio Laranjeiras Foto: Agência O Globo Chuva de papéis picados nas ruas do Centro Foto: Agência O Globo Soldados do Exército nas ruas do centro do Rio Foto: Agência O Globo
Soldados cercam um grupo de manifestantes na Avenida Rio Branco, perto da Cinelânida Foto: Agência O Globo Soldados armados nas ruas do Rio de Janeiro Foto: Agência O Globo Civil e miltar, armados, confraternizam em frente ao Palácio Guanabara Foto: Agência O Globo Um soldado protege o prédio em que mora o então governador da Guanabara, Carlos Lacerda, na Rua Toneleros, em Copacabana Foto: Agência O Globo Em Juiz de Fora (MG), crianças observam um caminhão levando soldados do Exército a caminho do Rio Foto: Agência O Globo
Soldados do Exército em Juiz de Fora (MG), a caminho do Rio de Janeiro Foto: Agência O Globo Tanques do Exército na rua Gago Coutinho, em Laranjeiras Foto: Agência O Globo Soldados armados do Exército na Rua das Laranjeiras Foto: Agência O Globo Carlos Lacerda, entrincheirado com militares e populares à espera de uma reação dos aliados de João Goulart Foto: Agência O Globo Soldados chegam na Cinelândia Foto: Agência O Globo
Carro do jornal Última Hora depredado durante manifestações pró-militares Foto: Agência O Globo Em Resende, encontro de tropas vindas de Minas para Rio Foto: Agência O Globo Soldados fazem revista em automóvel Foto: Agência O Globo Soldados montam barricadas no Palácio Guanabara, sede do governo, em Laranjeiras Foto: Agência O Globo População toma as ruas na Central do Brasil Foto: Agência O Globo
Um homem que teria atacado uma Kombi do governo estadual na Cinelândia é detido por soldado do Exército Foto: Agência O Globo
Os militares ficaram 21 anos no poder. Deixaram o Palácio do Planalto em em 1985, com a posse do ex-presidente José Sarney, vice de Tancredo Neves — que foi eleito ainda pelo voto indireto, mas morreu antes de receber a faixa.
O gople militar de 64 sempre foi comemorado pelas Forças Armadas. Apenas durante os governos da ex-presidente Dilma Rousseff houve orientação para que os comandantes não celebrassem a data.
Fonte: OGlobo
Postado por Gilvan VANDERLEI
Ex-Cabo da FAB – Atingido pela Portaria 1.104GM3/64
E-mail gvlima@terra.com.br
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