Quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Presidente do STF diz que conceitos de justiça e igualdade são indissociáveis
No seu discurso de posse como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Joaquim Barbosa disse, nesta quinta-feira (22), que o conceito de Justiça é indissociável do de igualdade de direitos. Ele defendeu a necessidade de os juízes se inserirem efetivamente na sociedade em que vivem, sem dela permanecer divorciados, embora mantendo sua liberdade para julgar.
“A justiça, por si só e só para si, não existe”, observou. “Só existe na forma e na medida em que os homens a querem e a concebem. A justiça é humana, é histórica. Não há justiça sem leis nem sem cultura. A Justiça é elemento ínsito ao convício social. Daí por que a noção de justiça é indissociável da noção de igualdade. Vale dizer: a igualdade material de direitos, sejam eles direitos juridicamente estabelecidos ou moralmente exigidos”.
Assim, segundo o ministro, o cidadão deve ter “o direito mais sagrado dentre os seus direitos, qual seja o de ser tratado de forma igual, receber a mesma consideração, a mesma que é conferida ao cidadão ‘A’, ‘C’ ou ‘B’”.
Déficit
O ministro admitiu que, “ao falar sobre o direito de igualdade, é preciso ter a honestidade intelectual para reconhecer que há um grande déficit de justiça entre nós”. De acordo com ele, “nem todos os brasileiros são trados com igual consideração, quando buscam o serviço público da Justiça”.
“Ao invés de se conferir ao que busca a restauração dos seus direitos, o mesmo tratamento e consideração que é dada a poucos, o que se vê, aqui e acolá – nem sempre, mas é claro, às vezes sim –, é um tratamento privilegiado, a preferência desprovida de qualquer fundamentação racional”.
“Gastam-se bilhões de reais anualmente para que tenhamos um bom funcionamento da máquina judiciária”, lembrou. “Porém, é importe que se diga: o Judiciário a que aspiramos ter é um Judiciário sem firulas, sem floreios, sem rapapés. O que buscamos é um Judiciário célere, efetivo e justo”.
“De nada valem as edificações suntuosas, sofisticados sistemas de comunicação e informação se, naquilo que é essencial, a justiça falha. Falha porque é prestada tardiamente e, não raro, porque presta um serviço que não é imediatamente fruível por aquele que a buscou”.
Ele defendeu um urgente aprimoramento da prestação jurisdicional, especialmente no sentido de tornar efetivo o princípio constitucional da razoável duração do processo. “Se esse princípio não for observado em todos os quadrantes do Judiciário, em breve suscitará um espantalho capaz de afugentar os investimentos produtivos de que tanto necessita a economia nacional”, advertiu.
Ao alinhavar o Judiciário que o país deve ter, em sua concepção, ele retratou que deve ser evitado: “processos que se acumulam nos escaninhos da sala dos magistrados; pretensões de milhões que se arrastam por dezenas de anos; a miríade de recursos de que se valem aqueles que não querem ver o deslinde da causa” e, por fim, “os quatro graus de jurisdição que nosso ordenamento jurídico permite”.
“Justiça que falha, que não tem compromisso com sua eficácia, é justiça que impacta direta e negativamente sobre a vida do cidadão”, arrematou.
O juiz
“O juiz deve ter presente o caráter necessariamente laico de sua missão constitucional e velar para que suas convicções e crenças mais íntimas não contaminem sua atividade, das mais relevantes para o convício social e fator importante para funcionamento de uma economia moderna, uma sociedade dinâmica, inclusiva e aberta para qualquer mudança que traga melhorias para a vida das pessoas”, sustentou o ministro.
Segundo ele, “pertence ao passado a figura do juiz que se mantém distante, indiferente aos valores fundamentais e aos anseios da sociedade na qual está inserido”. Assim, embora deva manter sua independência e liberdade para julgar, sem aderir cegamente a qualquer clamor da comunidade a que serve, por outro lado, deve sim, no exercício de sua função constitucional, “sopesar e ter na devida conta os valores mais caros da sociedade na qual ele opera”.
Em outras palavras, conforme o ministro, “o juiz é produto do seu meio e do seu tempo. Nada mais ultrapassado e indesejado do que aquele modelo de juiz isolado, fechado, como se estivesse encerrado em uma torre de marfim”.
Por outro lado, o novo presidente do STF defendeu a necessidade de se reforçar a independência do juiz, de “afastá-lo, desde o ingresso na carreira, das múltiplas e nocivas influências que podem, paulatinamente, minar-lhe a independência”. De acordo com o ministro Joaquim Barbosa, “essas más influências podem manifestar-se tanto a partir da própria hierarquia interna a que o jovem juiz se vê submetido, quanto dos laços políticos de que ele pode, às vezes, tornar-se tributário, na natural e humana busca por ascensão funcional e profissional” .
“Nada justifica, a meu sentir, a pouco edificante busca de apoio para uma singela promoção do juiz do 1º ao 2º grau de jurisdição”, observou. “O juiz, bem como os membros de outras carreiras importantes do Estado, devem saber, de antemão, quais são suas reais perspectivas de progressão, e não buscá-las por meio da aproximação ao poder político dominante no momento”.
Por fim, o ministro Joaquim Barbosa valorou positivamente o fato de o Judiciário estar passando “por grandes transformações e uma inserção sem precedentes na vida institucional brasileira”. Ele lembrou, neste contexto, que na Suprema Corte “são discutidas cada vez mais questões de interesse da vida do cidadão comum brasileiro”. E isso, no seu entender, “é muito bom, muito positivo”.
– Áudio do discurso do ministro Joaquim Barbosa.
Fonte: STF
4 Comentários do post " Presidente do STF diz que conceitos de justiça e igualdade são indissociáveis "
Follow-up comment rss or Leave a TrackbackParabéns, excelentíssimo senhor ministro, Joaquim Barbosa, Presidente do Supremo Tribunal Federal, desta Nação, chamada Brasil.
Nós, cidadãos e cidadãs, das classes menos favorecidas, carentes e orfãos de justiça, agradecemos a DEUS.
Agora, temos na mais alta esfera da justiça brasileira, um brasileiro, que já em seu discurso de posse, disse o que todos nós, como já disse; orfãos de justiça, gostaríamos de dizer, e que fosse ouvido pelas mais altas esferas do PODER.
Vossa Excelência; que DEUS o ilumine, proteja e guarde, o Sr. e toda a vossa casa e lhe dê muita força, física e espiritual, para enfrentar todas as barreiras que o Sr. Irá se deparar ,nessa verdadeira guerra que será.
Mexer com os interesses de poderosos, que fazem e usam as leis em causa própria, e que por meios de artifícios jurídicos (rapapés), negam direitos adquiridos a quem na maioria das vezes não detêm o conhecimento jurídico da causa, levando anos e anos esperando a pessoa MORRER, para não lhe restituir o que lhe é devido e de direito.
Mas, quando o cidadão é o devedor, ou algo assim, aí as coisas acontecem com muita rapidez e o cidadão é cobrado com todo o rigor das leis.
Se as coisas acontecessem tambem assim com os seus direitos, seria uma maravilha.
Todos nós vamos ter em Vossa Excelência, de volta, a esperança que já há muito estava perdida, na justiça brasileira.
Jackson Gomes Esteves – ex cabo da Aeronáutica, vitima de uma dessas aberrações jurídicas que infelizmente ainda acontecem em uma DEMOCRACIA. A portaria 1104GM3/64 (Não deveria, mas acontece)
Contamos com a Vossa Excelência.
Obrigado.
Jackson Gomes Esteves
Ex-Cabo da FAB – Vítima da Portaria 1.104GM3/64
E-mail dajinco07@yahoo.com.br
.
Tudo que alguem poderia dizer, se manisfestar, está inserida na palavra do nosso colega Jackson, mediante tal explanação a classe dos atingidos, pela portaria 1.104/GM3,os sofridos ex-militares da FAB, os parabenizamos pelas palavras sinceras dirigidas a V.Excia, o Ministro Joaquim Barbosa, que doravante tem uma espinhosa missão perante a sociedade brasileira.
Rogamos ao nosso PAI CELESTIAL, que dê a V.Excia, o Ministro Joaquim Barbosa, muita saúde, vigor e energia para seguir sua trajetória a frente do STF e que a nossa justiça tenha mais celeridade, clareza e que as leis do nosso BRASIL, sejam cumpridas.
Jeovah Gomes de Oliveira
Ex-Cabo da FAB – Vítima da Portaria 1.104GM3/64
E-mail jeovahgomes@hotmail.com
.
Mesquita, RJ
Quero dar meus votos ao novo Presidente do STF dejando muito sucesso na maior corte desse Pais aprofeitando a oortunidade, gostaria de salientar, a ideia de nos Amigo Pastor Elizer propor mander O VIDEO QUE CONTEM DIRCURSO DA PORTARIA 1104GM3.
É minha minha opiniao nesse momento de transição de poder.
Atenciosamente, L
uiz José Medeiros
S1QGFI BASE AEREA DOS AFONSO-RJ
Vitima da portaria 1104GM3
LUIZ JOSE MEDEIROS
luizmedeiros2006@itg.com.br
.
Caros irmãos FABIANOS,
Chegou a hora de focar nossos esforços; a meu juizo, está na hora de nos juntarmos, e tentar marcar uma audiência, para que ele possa conhecer a nossa luta ao mesmo tempo mos trar que nos fomos julgados por uma comissão cons tituida, por um governo democrático, que nos anistiou, e que a lei não foi cumprida porque distorções, encomendadas assim o quiseram.
Conceitos de justiça e igualdade são indissociáveis, segundo o presidente do STF e essa é a forma que também nós enchergamos.
Feliz natal a todos.
Jorge Antonio Rodrigues
jorgeantoniorodrigues46@gmail.com
.
Obrigado! Você acaba de acessar uma página aberta aos internautas interessados em divulgar, neste espaço, textos opinativos como: artigos, contos, crônicas, obras literárias, resenhas e opiniões diversas sobre a nossa sociedade.
É importante esclarecê-lo que as referidas publicações são de exclusiva responsabilidade de seus autores. O site de notícias www.militarpos64.com.br fica isento de qualquer punição prevista nos códigos civil, criminal, consumidor e penal do Brasil.
Escreva seu Comentário