MILITAR DA FAB TORTURADO PELA PRÓPRIA AERONÁUTICA
Adir Figueira, solteiro, residente em São João de Meriti, RJ, foi incorporado na Força Aérea Brasileira em janeiro de 1978, na Base Aérea do Galeão, foi Conscrito, depois, Recruta, Soldado de Segunda e Primeira Classe, por último, Cabo. Passou por exame psicotécnico, sendo designado para a Estação de Comunicação da Base Aérea do Galeão.
No segundo semestre de 1978, recebeu uma ordem do Tenente Aguinaldo Bernardo dos Santos para informar, com urgência, à Torre de Controle de Vôo, que o Avião Presidencial estaria chegando, imediatamente, naquele Aeroporto. Apressado em cumprir a tarefa exigida, ao adentrar à Sala de Tráfego Militar, esbarrou no Ministro Joelmir Campos de Araripe Macedo, que se encontrava atrás da porta. Naquele exato momento, o Ministro deu-lhe ordem de prisão. Tentou incessantemente se explicar, e, então, o Ministro questionou: “Está fazendo o que, ainda na minha frente?” Adir prosseguiu com a sua missão, quando retornou, recebeu a informação, através do Coronel Jair Amaral de Vasconcellos, que o Ministro decretara a sua prisão. Lastimavelmente, ficou preso em cela solitária, incomunicável, por 2 semanas, sofrendo torturas, penalidades e agressões diversas, cujas cicatrizes persistem até hoje.
– Era acordado de madrugada com banho de água fria;
– Sofria sessões de tortura e agressões com cassetete de borracha nas costas, região dos pulmões, dos rins e nas solas dos pés, numa duração em média de 20 minutos. Os agressores à paisana e com capuz na cabeça, diziam, enquanto o torturavam: “Se gritar é pior.” Isso aconteceu nas dependências militares da Base do Galeão. As dores eram intensas e, após cada sessão, o mesmo era atirado num canto da cela, a fim de se restabelecer, enquanto seus algozes fechavam, atrás de si, as grades de ferro, ficando este, vigiado pelos guardas de plantão.
– Neste período, o mesmo estava em tratamento, utilizando medicamentos, acompanhado pelo Capitão Médico Aeronáutico Percival de Oliveira Lima;
– Tomava banho com pingo d’água em outra cela e se enxugava com a própria camiseta;
– Não tinha direito a banho de sol, como os outros companheiros;
– Não recebia telefonemas. As ligações eram atendidas pelo Oficial de Dia que dava informações evasivas aos familiares;
– Seu pai, Militar da Aeronáutica, não podia visitá-lo, estava igualmente sendo perseguido pela ditadura e respondia a vários IPMs, suspeito de subversão;
– Foi libertado após 15 dias.
Adir se apresentou à Estação Radio. Dias depois fora preso novamente, desta vez recebeu numa madrugada a visita de seus algozes que o torturaram por longo tempo, e desta vez, usaram vários cigarros acessos, que foram aplicados na parte interna dos seus braços, até que os mesmos fossem apagados, queimando a sua pele, que na hora, além de doer muito, cheirava a carne queimada. Seus braços infeccionaram e as feridas eram horríveis, até que um Oficial de Dia, ao entrar de serviço, o viu e o mandou para a Esquadrilha de Saúde, assim, após ser medicado e sair com os dois braços enfaixados, fora posto em liberdade, saindo do xadrez, devendo permanecer no interior da Base. Estas cicatrizes ainda são visíveis em toda extensão de seu corpo, passando pelas costas, sola dos pés e braços. Recentemente, procurou o Hospital da Aeronáutica, foi medicado por diversas vezes, pois faz uso de medicamentos controlados. Após isso, procurou o médico que o atendera, no passado, hoje Coronel, o mesmo dissera que não mais podia atendê-lo. Clique Aqui para ler o depoimento da própria vítima ADIR FIGUEIRA.
Esta é a história de mais um Praça da FAB, que teve sua carreira interrompida como muitos outros, por culpa da tirania maldita que assolou nosso País, durante a ditadura, pois, assim como ele, muitos outros companheiros de caserna tiveram seus futuros interrompidos e foram colocados no “olho da rua” sem receberem qualquer indenização. Diante disso, entendemos que as feridas NUNCA fecharão, enquanto as injustiças deixarem de ser reparadas, principalmente, numa Nação como a nossa onde o Judiciário é omisso e precisa honrar sua atribuição constitucional e assegurar os direitos à justiça e a verdade, ao povo brasileiro. A prova disso é o brilhante abaixo-assinado e as sentenças esdrúxulas proferidas por muitos magistrados temerosos ou omissos.
Nossa situação, como todos sabem, é de origem política, assim, devemos dar pleno apoio a COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE, para que a história venha fazer parte da realidade do nosso país e nossos filhos jamais sejam enganados, aprendendo nos livros escolares que torturadores e assassinos foram presidentes desta Nação.
Vamos todos juntos e unidos em defesa da nossa classe, defender os nossos direitos, onde quer que eles estejam. Fomos preparados para a luta, então vamos lutar no TAPETÃO, pelos nossos direitos, e vamos todos a BSB, no dia 03/07 às 14:30h.
Podem repassar que assumimos. Fiquem todos com Deus.
Fonte: JBSAdvogados
JOSÉ BEZERRA DA SILVA – OAB/RJ 89.365
MAISE CARDOSO BASTOS – OAB/RJ 152.439
CLÁUDIO PAIVA LEITE – OAB/RJ 129.373-E
THIAGO COUTINHO DA SILVA – OAB/RJ 182.218-E
1 Comentário do post " “Militar da Aeronáutica foi torturado pelos próprios Companheiros” – Esta denúncia será levada à Comissão da Verdade por advogados da vítima "
Follow-up comment rss or Leave a TrackbackMeus Caros Amigos,
Não servi em Santos-SP mas temos casos semelhante que aconteceu por lá;
– um soldado de nome Soares,apanhou tanto que ate hoje é meio 'pancada', ele teve que servir quase 6 anos porque ficaram com medo de dar a baixa dele porque apanhou inocentemente e tem muitas sequelas, esse Soldado que é amigo do ex-CB. Guido Baraboza, eu e o Guido, levamos ele até a Dra. Dolores da AMAESP – que montou um processo, mas até agora nada; vocês acham que devíamos levar ele ao M.J., na Comissão de Anistia para falar tudo que aconteceu com ele?
Ilmo Dr. Bezerra me diga alguma sugestão por favor…
cardamonevf@hotmail.com /// muito obrigado.VFC.
Frt abraços Cardamone-Mogi .
Vitorino F. Cardamone – Xinguano do Tapajós.
Ex-Cabo da FAB vítima da Portaria 1.104GM3/64
Email: cardamone02@hotmail.com
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