publicada em 10 de dezembro de 2010
Entrevista com o Brigadeiro Rui Moreira Lima.

 

 

 

Um militar nacionalista e legalista que comandou a Base Aérea de Santa Cruz em 1964.

AS ÚLTIMAS HORAS DO GOVERNO JANGO NA ÁREA MILITAR

O herói brasileiro da II Guerra Mundial, Brigadeiro Rui Moreira Lima, um militar nacionalista e legalista, comandava a Base Aérea de Santa Cruz quando do golpe militar que derrubou o Presidente Joao Goulart. Em entrevista exclusiva ao Página 64, Rui Moreira Lima conta como foram as últimas horas do governo Jango na área militar, conta fatos relevantes na área militar e explica o motivo pelo qual decidiu ingressar com uma ação na Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos responsabilizando o Estado brasileiro por uma série de violações dos direitos humanos ocorridas durante o regime exceção que se instalou no país a partir de abril de 1964. (páginas 4 e 5)

O Brigadeiro Rui Moreira Lima, hoje com 91 anos, um dos oficiais que combateu as tropas alemãs na Itália, nesta entrevista exclusiva ao Página 64 conta histórias daquela época e como na condição de Comandante da Base Aérea de Santa Cruz vivenciou o golpe que derrubou o Presidente constitucional João Goulart. O militar lembra com detalhes pouco conhecidos as últimas horas do governo Jango e esclarece como se deu a despedida do então Ministro da Aeronáutica, Anísio Botelho, dos seus comandados a 31 de março de 1964 e os momentos posteriores que culminaram com o triunfo do golpe. Para o nacionalista Rui Moreira Lima, os militares hoje estão voltados para o Brasil e “não estão indo nesse negócio de esquadra e dos americanos”. Rui Moreira Lima aguarda o resultado de uma ação, por ele impetrada na Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos, responsabilizando o Estado brasileiro por uma série de violações dos direitos humanos até hoje não apuradas? – (Mário Augusto Jakobskind)
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P 64: Brigadeiro Rui Moreira Lima, o senhor comandou a Base Aérea de Santa Cruz num período de muita turbulência política, no início dos anos 60. Como o senhor foi escolhido para comandar essa Base e que fatos marcantes desse período se lembra?

Brigadeiro Rui Moreira Lima – Em Santa Cruz eu fui Tenente, Capitão, Major, Tenente Coronel e Coronel. Quando fui escolhido para comandar eu já era um santacruzense, ou seja, uma pessoa dedicada a Base, que foi criada quando nós voltamos da II Guerra. Era um Regimento, meio aeroclube, sem organização mais séria. Mas, nessa época, a Aeronáutica dava um pulo grande e estava fazendo patrulha como unidade de combate operacional. Os americanos tinham deixado o Nordeste, para ir ao Japão, porque os submarinos já não estavam atuando muito no Brasil. Então, os comandos passaram todos os conhecimentos que tinham sobre patrulha para os brasileiros.
Enquanto isso, o grupo de Caça foi criado e mandado para uma base de instrução no Panamá e lá formamos uma unidade de combate de elite e fomos atuar no teatro de operações da Itália.

P 64: Quando foi isso?

Brigadeiro Rui Moreia Lima – 1942, quando tomei conhecimento da Força Aérea Brasileira (FAB). Fui para a guerra e voltando fui para a Base de Santa Cruz onde tivemos o propósito de formar uma aviação de caça, moderna. Isso foi feito e hoje temos cerca de 1.500 pilotos de caça. As três primeiras turmas foram feitas ainda pelos veteranos do grupo de caça
P 64: O senhor tinha quantos anos então?

Brigadeiro Rui Moreira Lima – Vinte e seis anos incompletos.

P 64: O senhor nasceu em que Estado?

Brigadeiro Rui Moreira Lima – No Maranhão. Eu tive 12 irmãos, oito doutores, engenheiros, médicos e um aviador, Eu quis ser aviador, Fui para a Escola Militar, onde entrei em plena guerra. Por uma questão de ideologia, sentimento, ensinamento do meu pai, eu fui para a guerra.

Para você ter uma ideia, eu fiquei noivo no dia 16 de outubro de 1943 e casei dez dias depois, em um noivado que vinha se arrastando desde cadete. E aí fui voluntário para ir à guerra contra o nazismo, defendendo o Nordeste que estava ameaçado. Inclusive, se nós não entregássemos as bases os americanos obrigariam a gente e teriam tomado. Seria então uma outra guerra e uma chateação grande, porque tinha muita gente que era pró-aliado e outros pró-nazista. Eu era pró-aliado, absolutamente contra o nazismo.

P 64: O senhor optou pela democracia

Brigadeiro Rui Moreira Lima – Exato. Meu pai me ensinou isso desde menino e quando eu fui para a Escola Militar escreveu uma carta que se transformou em meu guia. Ele dizia assim: seja um patriota verdadeiro e não se esqueça que a força deve ser usada sempre em defesa do direito . Um povo desarmado merece o respeito das forcas armadas. Deve ser prudente, não atentando contra quem não estiver amado.

Recebi a Base de Santa Cruz, aí começaram a surgir casos, como o da aviação embarcada, que foi o cala-boca que o Juscelino deu para a Marinha. O porta-aviões Minas Gerais, chamado de Belo Antonio, foi para Amsterdã, convertido então num porta-aviões. Quando trouxeram para cá a Marinha se indispôs. Aí criaram o grupo embarcado com esquadrões de helicópteros e anti-submarinos. Fui para lá então comandar o grupo de caça. Dos nove pilotos que foram buscar os caças na Inglaterra eu fui um deles, A rainha (Elizabeth) nos saudou. Eu tinha ainda a missão de colocar paralelepidos na Base. Não tinha dinheiro para isso, o orçamento era muito curto. Veio a proposta para fazer uma plantação de arroz, para valer, colher arroz molhado.

P 64: Seria para consumo na Base Aérea?

Brigadeiro Rui Moreira Lima – Não, era para vender fora. Eram 12 mil sacas de arroz. Isso foi feito com um sacrifício danado. Entrei em contato com a unidade de Engenharia do Exército. Fiquei comandando Santa Cruz num ambiente terrível. Uma vez fui ao clube de suboficiais e sargentos e lá foi o Jango com a dona Maria Tereza, o General Jair Dantas Ribeiro, ministro do Exercito. Aí dois sargentos fizeram um discurso que eu achei debochado. A minha FAB não era aquela. Os dois se dirigiam ao Jango perguntando quando ele ia fazer a reforma agrária.

Eu utilizava muito a Última Hora, do Samuel Wainer, para difundir notícias. Chamei Dom Helder Câmara para falar sobre a cristandade e o valor que tinha uma comunhão. Ai teve um sargento que perguntou sobre a Encíclica Paz e Terra,João XXIII. Então eu disse que não dava para falar em reforma agrária naquele momento porque o tema da palestra era outro.

Depois levamos o Abelardo Jurema, Ministro da Justiça. Aí levei o Coronel Meira Mattos, que veio a ser o chefe da Casa Militar do general presidente Castelo Branco.

P 64: Meira Mattos mais tarde comandou as tropas brasileiras que foram à República Dominicana atendendo uma exigência dos Estados Unidos para derrubar um dirigente eleito

Brigadeiro Rui Moreira Lima – Exato. Eu convidei também o Juscelino para falar sobre a Operação Panamericana. O Meira Mattos, que era meu amigo, veio falar sobre a projeção mundial do Brasil. Um sargento voltou então a falar sobre reforma agrária. Disse de novo que não era o tema. Aí o Meira Mattos pediu licença para responder e acabou dando uma aula de reforma agrária, dizendo como ela deveria ser feita. E complementou afirmando que o Brasil ainda não tinha feito a reforma agrária e por isso estávamos vivendo aquela situação.

Ah, já que vocês querem reforma agrária, eu disse para o pessoal , vou chamar o João Pinheiro Neto, que era o responsável pelaSupra (Superintendência da Reforma Agrária). O pessoal da Supra ajudou muito na plantação de arroz, que por sinal cresceu bastante. Aí com o golpe de 64 terminaram com o arrozeiro. Em um ano acabou tudo.

Em Santa Cruz tinha de tudo, até um sargento comunista que foi para lá designado pelo PCB. Chamei o cara e disse: olha você pode fazer os seus panfletos onde quiser, mas não aqui na Base. Se fizer isso vou enquadrá-lo, te prendo e expulso da FAB. Nunca tive nada contra os comunistas, lutei com eles a favor do petróleo. Diziam que o Rui Moreira Lima era comunista, nunca fui, porque achava que o comunismo terminava sempre numa ditadura social.

P 64: O senhor foi promovido a Coronel em que governo?

Brigadeiro Rui Moreira Lima – No governo de Jango. Promovido por mérito. Não passei na frente de ninguém, nem ninguém passou a minha frente.

P 64: Qual o relacionamento que o senhor teve com João Goulart?

Brigadeiro Rui Moreira Lima – Inicialmente foi em 1959 quando ele era Vice-Presidente. Fui comandar o Grupo de Transporte Especial (GTE), cujo criação foi a partir de uma proposta minha. Era um grupo de Brasília e do Rio de Janeiro. Eu passava três dias na capital federal e outros três no Rio.

P 64: Antes de Brasília ser capital

Brigadeiro Rui Moreira Lima – Exato. Eu levei tijolo para Brasília. Nesse tempo eu era comandante do GTE. Ele voava muito no GTE, como não tinha horário, era uma pessoa totalmente desligada de regras militares. Eu nunca voei com Jango, não tive o privilégio.

Meu relacionamento com Jango era de comandante do GTE. Eu era defensor das instituições, da legalidade, sem ser político partidário, pois o meu partidarismo era o Brasil. Era um nacionalista, conhecia alguns problemas brasileiros, principalmente do petróleo, em que me envolvi .

Tive mais contato com o Presidente João Goulart quando fui nomeado para o Conselho de Segurança Nacional. Fiz curso de Estado Maior. Fiquei chateado com isso porque não era minha meta espionar, fazer informes. Eu sou um sujeito operacional. O país estava em perigo e eu ficava num prédio no centro do Rio, trancado, na rua Uruguaiana, onde o elevador levava duas pessoas.

P 64: Qual era a função desse Conselho?

Brigadeiro Rui Moreira Lima – A minha seção era do Serviço e Informação e Contra-informação, Depois foi transformado em Serviço Nacional de Informação (SNI). Preparava informes para a Presidência da República, a quem estávamos subordinados diretamente. Eu era o terceiro em ordem de grandeza. Era o coronel Castro Neves, do Exército, do gabinete do General Amaury Kruel, que em seguida foi promovido a General, e o General Dorval Lima, do Exército. Eu era Tenente Coronel da Aeronáutica. Passava os informes que vinha do Recife, da Bahia, do Rio de Janeiro e de São Paulo. Comunista, não era comunista, eu não tomava conhecimento. Aí tive de tomar conhecimento porque a Alemanha Ocidental ofereceu um curso.

Quando o General Dorval foi fazer o curso na Alemanha eu fiquei no lugar dele. Tomei então conhecimento como se fabricavam comunistas.

P 64: Como?

Brigadeiro Rui Moreira Lima – O sujeito tinha agentes anônimos, que só ele sabia quem eram. Todos de confiança do governo. Havia muita fofoca, como, por exemplo, quando Francisco Mangabeira ia ser nomeado para diretor da Petrobras. Aí vieram os relatórios dos agentes, que não tinham base. Não mandei mais os informes por considerá-los fora de propósito, safados.

Fui fazer o curso na Alemanha com dois auxiliares. Quando chegamos lá, o chefe do curso, um alemão típico, me chamou e disse: a nossa espionagem aqui é para valer, é do outro lado do Muro, da Tchecoslováquia, da Áustria. A espionagem de vocês brasileiros é interna, anticomunista. Não temos muito que ensinar, vocês ficam aí e a gente mostra as fronteiras, o Muro (de Berlim), mostra tudo. Vocês vão conhecer os castelos todos.

P 64: Então o chefão queria que vocês fizessem turismo…

Brigadeiro Rui Moreira Lima – Aí eu disse que não tinha vindo para fazer turismo. Não queria passear na Alemanha. Os colegas ficaram chateados e disseram que eu não devia ter feito o que fiz, para defender os dólares. Disse então que lamentava, mas não estava olhando os dólares e sim o curso. Aí o alemão acabou inventando um curso para nós, curso que se tornou interessante.
P 64: Que curso foi esse?

Brigadeiro Rui Moreira Lima – De informação, inicial, que em português se chama “Encarregado do caso”. Você tinha direito a sete nomes. Seguia o sujeito de carro, aí nos informavam que “o senhor acabou de ser fotografado” e assim sucessivamente. O manda-chuva do serviço de informações, General Gerner, que nunca tinha sido fotografado, fez a CIA, depois que se apresentou aos americanos para ser preso.
Anos depois a revista Times colocou a foto dele estampada na primeira página. Ele trocou os prontuários de 10 mil espiões para os Estados Unidos com a condição de que os Estados Unidos entregassem o prontuário dele. Eu conheci esse sujeito, ele fez um almoço de despedida para nós.

P 64: Aí se aproximava o tempo da quebra da ordem constitucional, que culminou com a derrubada de Jango.

Brigadeiro Rui Moreira Lima – Eu sempre obedeci o regulamento. Era durão nesse aspecto.

Quando veio o 31 de março eu estava de prontidão na Base. Já tinha um grupo tático, quatro de artilharia, batalhão de combate de engenharia, da Vila Militar, prontos para atacar a Base. Mandaram o meu substituto, que não tinha nada a ver com o espírito da FAB. Disse a ele que Santa Cruz era uma base séria e perguntei quem o tinha mandado? Tinha sido Brigadeiro Melo Maluco, a quem fui dizer que a Base deveria ser comandada por um dos dois oficiais que tinham voz de comando. Mandou que eu passasse logo o “comando dessa merda”.

Retruquei afirmando que a Base não era uma “merda”. Chama de merda que vou dizer que o senhor também é, porque sempre desobedeceu ordens, inclusive no uso de uniforme. Aí o Brigadeiro deu uma recuada e disse que estava mandando passar imediatamente o comando da Base. Decidi não passar o comando para qualquer um. No dia seguinte, as 9 horas da manhã passei o comando e a ordem do dia foi a carta do meu pai.

Falei com o Brigadeiro Teixeira que não ia aceitar ser preso . Não sairia com uma patrulha vindo no meu prédio onde moro há 40 anos. Não sairia dessa forma não.O senhor veio me visitar ou me prender?, indaguei. “O que o senhor quer então?”, perguntou o novo Ministro. Que me prendam por telefone, respondi. Fui o único oficial das três forças armadas a ser preso por telefone. Jogaram-me depois num porão do Barroso Pereira onde passei três dias. Me colocaram depois no navio Princesa Leopoldina.

No dia 31 de março peguei um pequeno avião eu fui localizar a coluna do general Mourão Filho.Sobrevoei Paraíba do Sul a 17 mil metros. Fui descendo, trouxe comigo o comandante de um grupo, bom piloto, o Coronel Figueiredo Prates, Fiz uma descida muito perigosa., entrei num buraco, passei em cima da coluna. Quando isso aconteceu foi um Deus nos acuda, o pessoal do Mourão começou a correr de um lado para o outro.

P 64: Esta história coincide com outra contada pelo fotógrafo Gervásio Batista, então da revista Manchete, que cobria a tropa do general Mourão quando um avião sobrevoou o local e saiu todo mundo correndo para um lado e para outro. Foi o senhor, então?

Brigadeiro Rui Moreira Lima – Fui eu mesmo (risos). Eu desci, foi uma manobra muito rápida. Fui para cima outra vez, tornei a descer e outra vez foi uma confusão danada.

P 64: Então se naquele momento estivessem em ação pelos céus outros Coronéis como o senhor, a história de 64 poderia ter sido outra?

 Brigadeiro Rui Moreira Lima – Ia adiar, mas não evitar, porque a frota norte-americana já tinha se deslocado para o litoral brasileiro. Só um porta-aviões daquele tinha o domínio de tudo.
Quando estava voltando do vôo rasante recebi um aviso que o Brigadeiro Teixeira queria falar comigo e pediu que eu pousasse no Santos Dumont .

Me avisaram que só tinha eu no ar no Brasil inteiro .
Quando cheguei no QG vi o pessoal saindo. E perguntei o que estava havendo. Palavras do Brigadeiro Francisco Teixeira: a Vila Militar entregou a rapadura… O Ministro Anísio Botelho, da Aeronáutica, queria falar conosco. Ele então, muito emocionado, com lágrimas nos olhos, disse que tinha nos chamado para as despedidas e dizer que cada comandante de unidade fizesse o que quisesse. “Eu se fosse vocês passaria o comando porque a revolução (golpe) já ganhou, a Vila Militar traiu o Presidente. Então o melhor a fazer é entregar o comando”, disse o Ministro.

P 64: Brigadeiro, neste contexto, que vale também para a atualidade, os militares brasileiros sempre estiveram por assim dizer divididos entre nacionalistas, que apoiam as reformas sociais, o bloco anticomunista e os que seguem apenas o regulamento. Como o senhor analisa isso?

Brigadeiro Rui Moreira Lima – Desde que me entendo na escola militar, sempre foi isso. Quando demos uma vaia estrondosa no embaixador e adido militar alemão, lá por 1940, convidado pelo então comandante da escola, Coronel Fiúza de Castro, pai do militar do mesmo nome que participou da repressão no pós-64. Passaram um filme em que aparecia o ditador Hitler falando em alemão sobre a anexação da Áustria em 1938. Os cadetes começaram a vaiar forte.

Acenderam a luz para o Coronel Fiúza de Castro dizer que estava triste e que vaia era coisa de moleque. Advertiu que apagaria a luz e não permitiria que as vaias se repetissem. Aí vaiaram mais ainda. Os cadetes foram levados para a Escola e colocados em forma. Ficamos uma hora debaixo do sol e em posição de sentido.

Eu quero dizer o seguinte: desde aquele tempo que essas pessoas existem.

P 64: Na verdade, quando os setores nacionalistas das Forças Armadas estiveram nos postos de comando sempre houve avanços no país na área social, enquanto quando a predominância ficava com os setores anticomunistas, de direita, como a partir de 64, ocorreram retrocessos marcantes.

Brigadeiro Rui Moreira Lima – Houve isso sim. Todos os militares que foram presos depois do golpe, cerca de 180 aqui no Rio de Janeiro, eram nacionalistas, legalistas.

P 64: O senhor tomou conhecimento que em pleno século XXI, por volta de 2005, o Brasil enviou uma delegação de militares ao Vietnã para estudar como foi a resistência dos vietnamitas à invasão estrangeira? O fato praticamente não foi divulgado pelos meios de comunicação brasileiros.

Brigadeiro Rui Moreira Lima – Soube disso sim, Os militares do Exército foram estudar a guerra.

P 64: O senhor mesmo estando na Reserva tem contato com o pessoal da Ativa, correto? Como analisa a corporação militar hoje comparada ao tempo em que o senhor estava em atividade?

Brigadeiro Rui Moreira Lima – Eu estou sentindo dentro das Forças Armadas atuais uma vontade incrível dos seus quadros em defender o Brasil. Não tão indo nesse negócio de esquadra e dos americanos. Estão voltados para o Brasil.

P 64: Para finalizar, Brigadeiro. O senhor ingressou na Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos responsabilizando o Estado brasileiro por uma série de violações dos direitos humanos até hoje não apuradas? O que o motivou a fazer isso?

Brigadeiro Rui Moreira Lima – Sou presidente de associações, entre as quais a de Militares Democratas e Militares Nacionalistas. Decidimos então fazer isso, que é um pleito justo. Vamos aguardar o resultado.

 

Mário Augusto Jakobskind é jornalista e escritor. Foi colaborador dos jornais alternativos Pasquim e Versus, repórter da Folha de S. Paulo (1975 a 1981) e correspondente da Rádio Centenária de Montevideo, além de editor de Internacional da Tribuna da Imprensa (1989 a 2004) e editor em português da revista cubana Prisma (1988 a 1989).
Atualmente é correspondente do semanário uruguaio Brecha e membro do conselho editorial do Brasil de Fato e do Jornal "´Página 64". É autor, entre outros, dos livros América Que Não Está na Mídia (Adia, 2006), Dossiê Tim Lopes – Fantástico/Ibope (Europa, 2004), A Hora do Terceiro Mundo (Achiamê, 1982), América Latina – Histórias de Dominação e Libertação (Papirus, 1985) e Cuba – apesar do bloqueio, um repórter carioca em Cuba (Ato Editorial, 1986).

 

Fonte: Página 64

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Postado por Gilvan Vanderlei
Ex-Cabo da FAB – Vítima da Portaria 1.104GM3/64
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