Jobim diz que idéia de punir militares da ditadura é “revanchismo”
da Agência Brasil
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, classificou como “revanchismo” a idéia de punir militares que tenham cometido atos de tortura durante o período de ditadura militar.
Embora tenha organizado um grupo de trabalho que já está em campo para localizar mortos da Guerrilha do Araguaia, Jobim afirmou que a busca tem a importância de contemplar o direito à memória e não de servir ao revanchismo.
“Uma coisa é o direito à memória, outra é revanchismo e para o revanchismo, não contem comigo.”
A idéia de derrubar o perdão aos militares que cometeram atos de tortura está presente em uma ação apresentada em outubro do ano passado pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) ao STF (Supremo Tribunal Federal).
A ação questiona a prescrição e a responsabilização de crimes de tortura praticados durante o regime militar. Ela contesta a validade do artigo 1º da Lei da Anistia (6.683/79), que considera como conexos e igualmente perdoados os crimes “de qualquer natureza” relacionados aos crimes políticos ou praticados por motivação política, no período de 2 de setembro de 1961 a 15 de agosto de 1979.
Políticos e organizações defensoras de direitos humanos defendem que a Lei de Anistia não deve servir para absolver os militares que torturaram. Na avaliação de Jobim, se o STF for favorável à ação estará cometendo um equívoco.
“Se o Supremo decidir que a Lei de Anistia não é bilateral, o que eu não acredito, terá que enfrentar um outro assunto: a prescrição. Há um equívoco. Dizem que os tratados internacionais consideram alguns crimes imprescritíveis. Mas, no Brasil, não é assim. Os tratados internacionais aqui não valem mais que a Constituição. Eles estão sujeitos à Constituição brasileira, que dá imprescritibilidade para um crime só: o de racismo. Trata-se de uma questão legal”, disse.
Jobim destacou a necessidade de tomar atitudes diferentes das que foram tomadas por outros países da América Latina, como a Argentina e o Uruguai sobre o período. “Quero que o futuro se aproxime do presente. Às vezes, gastamos uma energia brutal refazendo o passado. Existem países sul-americanos que estão ainda refazendo o passado, não estão construindo o futuro. Eu prefiro gastar minha energia construindo o futuro.”
“Não posso comparar o Brasil com a Argentina ou com o Uruguai. Houve um acordo político em 1979. Houve um projeto de lei que foi aprovado pelo Congresso Nacional. A questão hoje não é discutir se é a favor ou contra torturadores. A questão hoje é saber se podemos ou devemos rever um acordo político que foi feito por uma classe política que já hoje está praticamente desaparecida. É legítimo fazer isso? Vamos perder um tempo imenso fazendo isso”, afirmou Jobim.
A criação da operação para localizar mortos da Guerrilha do Araguaia, chamada de Operação Tocantins, atende a uma determinação judicial para que o Estado brasileiro dê respostas sobre o assunto. A sentença da Justiça Federal determinou a quebra do sigilo das informações militares sobre todas as operações de combate à Guerrilha do Araguaia e que a União informe onde estão sepultados os mortos no episódio.
Há uma semana, o ministro se reuniu com integrantes da Comissão de Mortos de Desaparecidos Políticos da Secretaria Especial de Direitos Humanos para apresentar o planejamento das ações do grupo de trabalho, criado no final de abril.
“Temos uma obrigação legal de prestarmos informações em uma ação judicial que determinou que nós localizássemos os cadáveres. A primeira fase [da operação] já foi montada, que é a nomeação desse grupo de trabalho, e agora vem a segunda, que é o reconhecimento do local. Na segunda quinzena de julho começa a terceira fase. Dependendo do resultado ainda tem a quarta fase, que envolvem laboratórios para a análise do que foi encontrado”, disse o ministro.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u579925.shtml
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Postado por Gilvan Vanderlei
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3 Comentários do post " Jobim diz que idéia de punir militares da ditadura é “revanchismo” "
Follow-up comment rss or Leave a TrackbackÉ lamentável, triste e vergonhoso!
Que um ex-ministro da Suprema Corte da Justiça Brasileira CONFUNDA… Maldosamente/criminosamente, LÍDIMA JUSTIÇA, com a covarde vingança!
À maioria dos chamados ‘homem público’, são assim…
Assunto: Que Ministro da Defesa é esse?
Meus caros FABIANOS:
Esse ministro só está falou assim, porque ele não levou nenhuma porrado do Regime Militar, certamente niguém triscou nele, se ele tivesse sofrido alguma perseguição política ou algum tipo de tortura, certamente ele não estaria falando assim. Mas o homen é ministro e tem medo de perder cargo que ora exerce. Que vergonha, como é um magistrado que ocupou a mais alta corte de justiça deste país, abre a boca para falar tanta besteira envergonhando o nosso Poder Judiciário, dando a entender que ele entende pouco de justiça e tem vergonha de fazê-la. Eu só queria que o grande Rui Barbosa fosse vivo para ler essa grande baboseira do Ministro JOBIM, certamente ele morreria de vergonha. E tem mais, esse homem sonha em ser Presidente da República, que tal? Da pra tu? Só não com voto meu, vou parar pra não morrer de vergonha. Que feio Ministro JOBIM! Saia daí!… Sua Excelência envergonha o nosso País.
S1-PATRIOTA.
Bom,em primeiro lugar sou totalmente a favor da punição dos torturadores,sejam civis ou militares,do tempo da ditadura.Na verdade punir torturadores e não punir os guerrilheiros ou “terroristas”como alguns preferem não é uma ato de revanchismo,os atos praticados pela esquerda brasileira não podem ser considerados terrorismo,pois na época eles estavam lutando com um estado de exceção,com um regime não-democrático.Aliás,esses que falam que é revanchismo,esqueceram de dizer que o José Genoíno,por exemplo,que foi torturado,já recebeu a sua punição na época da ditadura.Além de ser torturado,ele passou cinco anos na prisão.O tempo que ele passou na prisão já é uma forma de punição por ele ser “terrorista”,como os que defendem a ditadura preferem dizer.Também,defendo que militares que foram perseguidos sejam perdoados e que seja dada uma indenização justa pra eles,porque não foram só os civis que foram perseguidos,havia militares que eram contra o regime de exceção.
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